E quando não se respira
deforma-se a percepção
Tudo se torna pesado dentro do pescoço inchado
Sufoco entre vasos sanguíneos dilatados
músculos que saltam e as ruas secam
O sol brilha lá fora
As mãos secas
secas desertas
cheias de afazeres
de enganos sobre a vida
sobre a temperatura lá de fora
Quando é que arrefece ou aquece
enquanto se parte para longe
perto de todo o coração
na fronteira do corpo
para lá do tempo
para lá, tão para lá que já é tempo
Vai morrer longe de mim
Tempo.
Nada flui integralmente pelo arcaboiço
e tem que estar tudo bem
porque tudo bem é viver
mas viver está fora do tempo
e o tempo volta a queimar
arda-se ou não
Parto os pulsos, nossos alicerces
nossos atempos
morre-se sem morrer
e vive-se sem pensar que se vive
que a terra não volta e o vento é demais
e se escreve o que não se quer dizer
Tudo é impróprio de se dizer
tudo é fraco de se mexer
Não me chateeis
não me agarreis os pulsos quando eles não são alimentados pelo coração.
Comestes os vossos?
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