domingo, 18 de outubro de 2009

Pulso.2 (3/4)

E quando não se respira

deforma-se a percepção

Tudo se torna pesado dentro do pescoço inchado

Sufoco entre vasos sanguíneos dilatados

músculos que saltam e as ruas secam

O sol brilha lá fora

As mãos secas

secas desertas

cheias de afazeres

de enganos sobre a vida

sobre a temperatura lá de fora

Quando é que arrefece ou aquece

enquanto se parte para longe

perto de todo o coração

na fronteira do corpo

para lá do tempo

para lá, tão para lá que já é tempo

Vai morrer longe de mim

Tempo.

Nada flui integralmente pelo arcaboiço

e tem que estar tudo bem

porque tudo bem é viver

mas viver está fora do tempo

e o tempo volta a queimar

arda-se ou não

Parto os pulsos, nossos alicerces

nossos atempos

morre-se sem morrer

e vive-se sem pensar que se vive

que a terra não volta e o vento é demais

e se escreve o que não se quer dizer

Tudo é impróprio de se dizer

tudo é fraco de se mexer

Não me chateeis

não me agarreis os pulsos quando eles não são alimentados pelo coração.

Comestes os vossos?


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