sábado, 24 de outubro de 2009

24 chuvas

Chove chuva, muita chuva, tanta chuva e eu com tanta chuva, chuva
chuva dentro, chuva lá fora
chove tanta chuva que não consigo gostar dela
que só contigo gosto dela
Chove
e eu, mãe dela, da que me chove cá dentro
deixo-me fria, chuvosa
chuvoso o peito
de quem chora chove
e chove chove
tanta chuva
Chuva que molha
que me molha os dedos e me afunda os olhos
vivos, tão vivos como peixes fora de água
quem lhes dera a chuva a criar poça
e a minha chuva dentro duma poça
e eu peixe à chuva
chuva que molha e não mata
que queima e não seca
Não seca esta chuva
chuva que nasce do meu peito chuvoso
que nada mais nasce, já não nasce
deste ventre inútil
cheio de chuva a cair
não há vento que não te traga
e me caia com chuva que arde
fundo no meu peito molhado
qual montanha inundada
qual mar de sargaços
chuva que choves por dentro
chuva que me levas contigo
me levas contigo
me levas contigo

Sem comentários:

Enviar um comentário