sexta-feira, 15 de janeiro de 2010
quarta-feira, 13 de janeiro de 2010
terça-feira, 12 de janeiro de 2010
domingo, 10 de janeiro de 2010
Enchamo
Por mais duques que venham,
de entre duquesas ou ursos,
o segredo há-de persistir.
Mantê-lo é querer explodi-lo contra as paredes
num som que de nada serve
mas que muito diz.
Resisto e não vou
porque não posso, porque vos vou matar
me vou morrer.
Registo como quem não quer ser visto a olhar
e disto me esqueço quando me for deitar
longe de um corpo e perto da terra, tão perto.
Tão perto que me enraízo
me enraízo
me fulmino,
enchamo,
cremo,
vos chamo
amor e nós.
segunda-feira, 4 de janeiro de 2010
Campo de trigo
Se eu fosse emoção e sensação
partia-te a cara em dois
queimava os dinossauros sem que ardessem
e sentava-me ao cabo da mesa a pensar.
Sendo eu emoção e sensação,
deixo-te a cara intacta
não te toco nem cheiro
não queimo demasiado porque os pulmões não se me aguentam.
Porque sou emoção,
comove-me o tempo
e porque sou sensação,
contrai-me o espaço.
Se eu fosse emoção e sensação
sentava-me ao cabo da mesa
olhando-te como quem te vê
fugindo como quem quer ficar.
E não me venham com muito conceito
muita palavra mal amanhada
encruzilhada querendo ter muito sentido
e razão.
Da palavra vivo, mas nunca sem a sensação do espaço
e a emoção do tempo.
e se não é por aqui que se encontra a vida,
há muitos becos por onde virar.
Virai, virai,
dinossauros mortos
sem loucura
sem ardor.
domingo, 3 de janeiro de 2010
S
Ser poeta é mentir
e por isso minto
minto
minto
não por ser poeta,
mas por não poder dizer que não minto.
Tanto sentir me resvala no peito
que dava para construir um novo
mundo de raiz,
contrair o norte e o sul:
opostos que me norteiam o sangue:
verão e inverno;
que me agradam os equinócios
mas afinal é pelos solstícios o fascínio.
Comoção interior
cabeça de ser,
sensação mor, emoção insigne
morte adversa
vida mais
o tempo é espaço
todo o espaço é mundo no meu espaço
todo o tempo me corre na cara
e com a cara minto sem mentir
porque o segredo pode ter chegado.
Para nós: amor de espaço
sem ser poeta, sem mentir,
sem segredo contado,
não vá o tempo curá-lo.