Ser poeta é mentir
e por isso minto
minto
minto
não por ser poeta,
mas por não poder dizer que não minto.
Tanto sentir me resvala no peito
que dava para construir um novo
mundo de raiz,
contrair o norte e o sul:
opostos que me norteiam o sangue:
verão e inverno;
que me agradam os equinócios
mas afinal é pelos solstícios o fascínio.
Comoção interior
cabeça de ser,
sensação mor, emoção insigne
morte adversa
vida mais
o tempo é espaço
todo o espaço é mundo no meu espaço
todo o tempo me corre na cara
e com a cara minto sem mentir
porque o segredo pode ter chegado.
Para nós: amor de espaço
sem ser poeta, sem mentir,
sem segredo contado,
não vá o tempo curá-lo.
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