domingo, 3 de janeiro de 2010

S

Ser poeta é mentir

e por isso minto

minto

minto

não por ser poeta,

mas por não poder dizer que não minto.


Tanto sentir me resvala no peito

que dava para construir um novo

mundo de raiz,

contrair o norte e o sul:

opostos que me norteiam o sangue:

verão e inverno;

que me agradam os equinócios

mas afinal é pelos solstícios o fascínio.


Comoção interior

cabeça de ser,

sensação mor, emoção insigne

morte adversa

vida mais


o tempo é espaço

todo o espaço é mundo no meu espaço

todo o tempo me corre na cara

e com a cara minto sem mentir

porque o segredo pode ter chegado.

Para nós: amor de espaço

sem ser poeta, sem mentir,

sem segredo contado,

não vá o tempo curá-lo.

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