
domingo, 27 de dezembro de 2009
domingo, 20 de dezembro de 2009
sábado, 19 de dezembro de 2009
sexta-feira, 11 de dezembro de 2009
quarta-feira, 2 de dezembro de 2009
terça-feira, 24 de novembro de 2009
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
domingo, 22 de novembro de 2009
quinta-feira, 19 de novembro de 2009
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
sexta-feira, 13 de novembro de 2009
relva
Escrevo cartas sem fim. Cartas que são só uma, que é uma carta e que são tantas que não acabam, que se estendem no chão, que enchem o mundo, que não vão caber nele, que já não cabem. Escrevo cartas com letras, com som, com ar, com muito. Escrevo tudo e tudo se solta. Perco-me pelo meio e acordo a pensar se me deitei ou se adormeci a meio. Acordo a pensar em que dia vou parar se não há dia para parar. Não paro, não paro nunca. Hei-de morrer e nunca vai parar, a carta nunca vai acabar, as cartas, a relva, os troncos, a partilha. O verde, o verde, não acaba que a terra não deixa. O tempo mata-me. E se passasse mais depressa, muito depressa, tão depressa Ainda aqui estou, ainda escrevo no meio das cartas, dentro das cartas. A carta. Ainda escrevo sem querer, dentro das mãos e a cravar tinta sem fim. Nunca vai sair e eu vou saber que a quero ter, tanta tinta. Vou ter tanta tinta dentro das mãos. Vou sujar tudo, vou sujar tudo e vão-me dizer que é tão bom. Vão-me dizer sempre mais. Vou sujar e estou a preparar-me para sujar.
sei lá
Deito-me sobre o mesmo.
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
domingo, 8 de novembro de 2009
sábado, 7 de novembro de 2009
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
Adoro bananas
terça-feira, 3 de novembro de 2009
três.beijo
segunda-feira, 2 de novembro de 2009
sábado, 31 de outubro de 2009
Queria escrever um texto bonito mas não sou capaz porque nada é bonito quando não se faz aquilo que se diz querer fazer. Queria saber por onde começar mas não há começo porque quando damos conta já estamos lá dentro. Queria dizer amor com as palavras mas não sei como as palavras podem dizê-lo. Digo apenas que me matas e que quero morrer bem fundo. Que me salvas, me apanhas ( ).
quarta-feira, 28 de outubro de 2009
segunda-feira, 26 de outubro de 2009
Roubo dôo
Diz-me que sabes sentir, diz-me que sabes sentir o que digo, diz-me que sabes sentir o que digo não saber sentir, diz-me o que sabes que eu sou, diz-me o que sabes que é sentir, diz-me que sabes dizer-me o que é sentir, diz-me que sabes fazer-me sentir, diz-me que vais saber fazer-me sentir, que vais fazer sentir-me, que vou sentir-te, que sentes que vou aprender a sentir, que sentes que vou saber sentir, diz-me que sabes que sinto, diz-me que sabes que eu sei que sinto, diz-me que sabes que dói, diz-me como sabes que dói, diz-me que saber que dói é saber sentir, que se sente o que dói e o que não dói, que dói e nem sempre se sente, que se sente e há tanto que não dói, que te dói tanto como o que sinto, que sentes tanto como o que me dói, que me dói o peito, que sei doer e que sei o que é doer, que dói a carne e a cabeça, que a vida não dói, que a vida é sentir, que sentir é saber que se vive, que sentir é querer roubar-te, que sentir é roubar-te, que sentir é não poder roubar-te, que é querer nunca te roubar, roubando-te, que
continuo
quando ela diz que não dói
dói a cabeça
quando parece que expulso a dor
dói a cabeça
dói mas continuo
faço tudo
faço mal e bem
faço até não poder mais
e tenho podido sempre
a doer de tontura
faço e deixo doer
deixo doer por ter que fazer e ter que fazer
e dói, mais ainda
ainda que por momentos pense muito
pense tanto e deixe de sentir a dor
mas depois penso tanto tanto que ela dói
e volto a dar conta que dói
que ainda dói
que tudo dói
e que continuo
porque tenho que continuar
doendo o mundo inteiro
trago o mundo ao peito
e de que serve um peito sem cabeça
peito dói porque a cabeça dói
e a cabeça dói porque o peito dói
e tudo se embrenha em dor
mas eu continuo
e escrevo e durmo
dentro da dor
por baixo, de lado
ela está sempre aqui
Ela está sempre aqui.
sábado, 24 de outubro de 2009
24 chuvas
chuva dentro, chuva lá fora
chove tanta chuva que não consigo gostar dela
que só contigo gosto dela
Chove
e eu, mãe dela, da que me chove cá dentro
deixo-me fria, chuvosa
chuvoso o peito
de quem chora chove
e chove chove
tanta chuva
Chuva que molha
que me molha os dedos e me afunda os olhos
vivos, tão vivos como peixes fora de água
quem lhes dera a chuva a criar poça
e a minha chuva dentro duma poça
e eu peixe à chuva
chuva que molha e não mata
que queima e não seca
Não seca esta chuva
chuva que nasce do meu peito chuvoso
que nada mais nasce, já não nasce
deste ventre inútil
cheio de chuva a cair
não há vento que não te traga
e me caia com chuva que arde
fundo no meu peito molhado
qual montanha inundada
qual mar de sargaços
chuva que choves por dentro
chuva que me levas contigo
me levas contigo
me levas contigo
sexta-feira, 23 de outubro de 2009
eme e jota
domingo, 18 de outubro de 2009
Pulso.2 (3/4)
E quando não se respira
deforma-se a percepção
Tudo se torna pesado dentro do pescoço inchado
Sufoco entre vasos sanguíneos dilatados
músculos que saltam e as ruas secam
O sol brilha lá fora
As mãos secas
secas desertas
cheias de afazeres
de enganos sobre a vida
sobre a temperatura lá de fora
Quando é que arrefece ou aquece
enquanto se parte para longe
perto de todo o coração
na fronteira do corpo
para lá do tempo
para lá, tão para lá que já é tempo
Vai morrer longe de mim
Tempo.
Nada flui integralmente pelo arcaboiço
e tem que estar tudo bem
porque tudo bem é viver
mas viver está fora do tempo
e o tempo volta a queimar
arda-se ou não
Parto os pulsos, nossos alicerces
nossos atempos
morre-se sem morrer
e vive-se sem pensar que se vive
que a terra não volta e o vento é demais
e se escreve o que não se quer dizer
Tudo é impróprio de se dizer
tudo é fraco de se mexer
Não me chateeis
não me agarreis os pulsos quando eles não são alimentados pelo coração.
Comestes os vossos?