As ruas guiavam-me ao teu encontro
desde que te vi, desde que vi em ti o meu sonho,
desde que o meu entre começou a sentir
de novo,
algo novo.
Chorava os teus olhos
na inocência que corria em mim.
Chorava o teu olhar no meu
como se, pela primeira vez,
tivesse chorado
e não soubesse que as lágrimas não caem só
pela dor atada, agora, a mi.
Levava-te comigo
em cada segundo que passava,
até teres deixado de andar comigo
(os segundos não passam.)
Cobria os afazeres com a tua presença,
com a tua presença mental e fazia
os afazeres
numa pressa tal
que pouco me importava
porque me importava levar-te
onde mais ninguém te levaria.
Agora já não tenho afazeres.
Se eu soubesse ao menos a minha dor
se a soubesse ao menos ler,
mas dos teus olhos já não me vem
nem o choro de não saber chorar,
a não ser para me desfazer
nas noites em que não sei onde ir.
Já não há que fazer
aqui, onde as invasões me levam
o cerne e o invólucro
da cidade que afinal não tive
porque quando acordei,
já as terras tinham desabado e com elas,
as ruas que um dia pisámos.
Chorava os teus olhos
na inocência que sempre correrá em mim,
não fosse eu a criança que nunca tinha sido,
e aprendi
a tempo de saber chorar-te os gestos.
Da incompreensão das noites,
vai-me mais um espaço de dentro,
vão-me tantos espaços
que já não há espaço lá fora
que me sirva cá dentro.
Das minhas sete vidas,
sete noites mortes.
Duas me restam
até que se me acabem:
sem rima
sem ar
sem choro
sem uma palavra
tua.
Sem o teu olhar.
Sobra uma,
uma,
uma.
terça-feira, 1 de julho de 2008
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