quarta-feira, 6 de maio de 2009

Vai-e-vem

Vais embora mas insistes em ficar. Se ao menos fosses. Mas não vais nem por nada e eu só queria que ficasses. Só queria que voltasses no segundo seguinte em só teve tempo de me cair uma lágrima no meio da poça da saudade, só uma e o elevador desce e desce e pára e eu só queria que voltasse a subir sem teres tido tempo de sair. Outra vez. Entras e dou-te tudo o que tenho. Vais. Vais mas ficas e se tu soubesses como ficas Se soubesses. Nem eu sei. Nem ninguém saberá porque ficas tão para além de tudo. Nas paredes, no ar, no cheiro, no calor, na baba que me cai porque me descontrola desola a tua permanência vazia. Silêncio. Para sempre. Não sais, não vais, não vás. Abandonas-me. Ficas e voltas. É assim que os ventos morrem pelo caminho e se tornam na brisa leve que já nem corre. É assim que vivo. Afinal. Derretem-se os pés ao sol. Queimo-me mais uma vez. Das minhas mãos de inverno saltam-se as veias e o sol morre-me na pele coberta de empecilhos. Hiberno no meu inverno. O soldado prende-me a garganta como se me quisesse ver fechar os olhos que fecho e tudo se ataca por dentro. Acabou.

1 comentário:

  1. Que palermice mais lamechas, Cristiana. Sinceramente.

    É o que dá escrever sem pensar muito e ler passado muito tempo pensando no que não se devia ter escrito.

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