sábado, 18 de abril de 2009

Alto, que humidifico

Quando voo, eu voo tão alto. E quando caio, caio de tão alto, deixas-me cair, do alto. Mas sou eu que caio, caímos, eu que nos faço cair. Caímos num berço de guerra. Volta-me o soldado que me lembra de que são feitos os dias. Cabeça minha, que me abandonaste. O soldado traz duas bengalas de guia. Diabo no sangue que se esquenta dentro dos tubos mortos, que me queima a razão. Traz a tristeza no peito e as emoções numa mão. Mão que não fala, não diz. E de dentro da pele da cara, salta a carne em vibração. Matas-me cá dentro por dentro. De dentro para fora, matas-me a luz. O soldado diz que ela o olha por dentro. Soubesse ele tanto quanto ela lhe vê lá dentro. Parece que sabes, sabes como sou criança. O sangue queima e arde como gasolina azulada. E soubesses tu o que o soldado me diz. Ele tem medo de respirar e o cachecol ficou perdido em águas passadas. Os olhos mantêm-se húmidos, tão húmidos, num brilho corrente em função da gravidade e as pálpebras mal as fecha. E que faço eu quando ainda sou criança Espero infinitamente o dia. Mato-me cá dentro, viro-me a mim. Vai-te embora, soldado, deixa-a em paz.
Tubarão, deixa a menina.

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