segunda-feira, 2 de junho de 2008

Hoje

Como quando as ruas se despem de tal forma que nelas já não caibo. Já as construções se dissolveram no vazio das tramas. E as especulações devastaram os traços internos do meu peito, do meu ser e da lua que já não arde no céu como dantes. Como quando as pressas não existem e o silêncio se enquadra em todo o panorama. O bater que parece falhado por quase não saber bater. O olhar que não sabe ver por onde vai, por onde fica ou o que fica. Nos restos de um corpo que perdeu a carne, que ainda se ergue pelos tecidos que traz aos ombros como castigo. Como quando se atravessam todas as pontes sobre oceanos de sangue e se chega a um que desapareceu. Os dias que lembram a vida: o de hoje morre-me aos pés. O de hoje é infinito e só ainda vai a meio, as escadas, essas, não consigo subi-las. Não consigo subi-las. Não enquanto não me esperares ao cimo delas.

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