domingo, 3 de abril de 2011
sexta-feira, 10 de setembro de 2010
Um dia tive força para derrubar tantos muros quantos os que me apareciam à frente. Agora tenho força, tenho tanta força e nenhum me aparece à frente que eu queira derrubar. Aqueles que valeriam a pena derrubar não existem e no lugar desses está um inderrubável e inexistente. Não sei viver sem muros para derrubar. Eu aqui entediado de solidão e o soldado a dormir perto de um pântano à espera que o inimigo dê sinais de vida. Esqueci o trunfo e saíram-me três duques. A dama de copas fez renúncia. Diabo para as damas.
segunda-feira, 7 de junho de 2010
domingo, 16 de maio de 2010
terça-feira, 6 de abril de 2010
quinta-feira, 4 de março de 2010
domingo, 21 de fevereiro de 2010
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010
sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010
cinco dias e um milhão
Despedaças-me. Não vens. Espero-te, podendo ou não. Encarrego-me de esperas.
Sem fim, esperas.
Quase me esperas.
Ainda respiro, respiro por muito mais, mesmo para saber se sou eu que espero sem poder ou se és tu que me fazes esperar por querer.
Tanto podia eu dizer
Quem me dera poder esperar e saber que me esperarás, sempre, como te li no olhar e to devolvi achando que era eu que to dava e que mo devolvias.
E se não esperares eu não sei para onde vou. E se esperares também não sei, mas certamente me ficarás e traçaremos em milhões de linhas, quase num tecido perdido no espaço, todas as esperas que hão-de vir, dizendo-nos que os traços são apenas linhas perdidas no espaço que nos embrulham. Que me dilatam os poros, te enfeitiçam as mãos.
As esperas são longas, sempre longas mas nunca longas demais.
Faz-me querer esperar.
terça-feira, 2 de fevereiro de 2010
sexta-feira, 15 de janeiro de 2010
quarta-feira, 13 de janeiro de 2010
terça-feira, 12 de janeiro de 2010
domingo, 10 de janeiro de 2010
Enchamo
Por mais duques que venham,
de entre duquesas ou ursos,
o segredo há-de persistir.
Mantê-lo é querer explodi-lo contra as paredes
num som que de nada serve
mas que muito diz.
Resisto e não vou
porque não posso, porque vos vou matar
me vou morrer.
Registo como quem não quer ser visto a olhar
e disto me esqueço quando me for deitar
longe de um corpo e perto da terra, tão perto.
Tão perto que me enraízo
me enraízo
me fulmino,
enchamo,
cremo,
vos chamo
amor e nós.
segunda-feira, 4 de janeiro de 2010
Campo de trigo
Se eu fosse emoção e sensação
partia-te a cara em dois
queimava os dinossauros sem que ardessem
e sentava-me ao cabo da mesa a pensar.
Sendo eu emoção e sensação,
deixo-te a cara intacta
não te toco nem cheiro
não queimo demasiado porque os pulmões não se me aguentam.
Porque sou emoção,
comove-me o tempo
e porque sou sensação,
contrai-me o espaço.
Se eu fosse emoção e sensação
sentava-me ao cabo da mesa
olhando-te como quem te vê
fugindo como quem quer ficar.
E não me venham com muito conceito
muita palavra mal amanhada
encruzilhada querendo ter muito sentido
e razão.
Da palavra vivo, mas nunca sem a sensação do espaço
e a emoção do tempo.
e se não é por aqui que se encontra a vida,
há muitos becos por onde virar.
Virai, virai,
dinossauros mortos
sem loucura
sem ardor.
domingo, 3 de janeiro de 2010
S
Ser poeta é mentir
e por isso minto
minto
minto
não por ser poeta,
mas por não poder dizer que não minto.
Tanto sentir me resvala no peito
que dava para construir um novo
mundo de raiz,
contrair o norte e o sul:
opostos que me norteiam o sangue:
verão e inverno;
que me agradam os equinócios
mas afinal é pelos solstícios o fascínio.
Comoção interior
cabeça de ser,
sensação mor, emoção insigne
morte adversa
vida mais
o tempo é espaço
todo o espaço é mundo no meu espaço
todo o tempo me corre na cara
e com a cara minto sem mentir
porque o segredo pode ter chegado.
Para nós: amor de espaço
sem ser poeta, sem mentir,
sem segredo contado,
não vá o tempo curá-lo.
domingo, 27 de dezembro de 2009
domingo, 20 de dezembro de 2009
sábado, 19 de dezembro de 2009
sexta-feira, 11 de dezembro de 2009
quarta-feira, 2 de dezembro de 2009
terça-feira, 24 de novembro de 2009
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
domingo, 22 de novembro de 2009
quinta-feira, 19 de novembro de 2009
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
sexta-feira, 13 de novembro de 2009
relva
Escrevo cartas sem fim. Cartas que são só uma, que é uma carta e que são tantas que não acabam, que se estendem no chão, que enchem o mundo, que não vão caber nele, que já não cabem. Escrevo cartas com letras, com som, com ar, com muito. Escrevo tudo e tudo se solta. Perco-me pelo meio e acordo a pensar se me deitei ou se adormeci a meio. Acordo a pensar em que dia vou parar se não há dia para parar. Não paro, não paro nunca. Hei-de morrer e nunca vai parar, a carta nunca vai acabar, as cartas, a relva, os troncos, a partilha. O verde, o verde, não acaba que a terra não deixa. O tempo mata-me. E se passasse mais depressa, muito depressa, tão depressa Ainda aqui estou, ainda escrevo no meio das cartas, dentro das cartas. A carta. Ainda escrevo sem querer, dentro das mãos e a cravar tinta sem fim. Nunca vai sair e eu vou saber que a quero ter, tanta tinta. Vou ter tanta tinta dentro das mãos. Vou sujar tudo, vou sujar tudo e vão-me dizer que é tão bom. Vão-me dizer sempre mais. Vou sujar e estou a preparar-me para sujar.
sei lá
Deito-me sobre o mesmo.